sexta-feira, 31 de julho de 2009

Balanço de Julho

Finalzinho do mês. O clima em São Paulo prossegue alterado: O frio habitual se soma a estranhas chuvas de granizo - que não chegam a ser incomuns no Verão, mas que agora são um verdadeiro ornitorrinco alado -, num dos meses de Julho mais chuvosos da história de São Paulo. Reflexo óbvio da alteração climática, seja em âmbito global ou no esfera local, onde da superpopulação da Região Metropolitana surgem fenômenos que vão desde a degradação do verde, a destruição de áreas de manancial à poluição severa dos rios, do solo e do ar - sendo essa última modalidade piorada pelo desastre de políticas de transporte público na região, em especial na capital, que exceção feita ao Governo Marta, viu todos os governos municipais de quinze anos pra cá não fazerem nada na área; em relação aos governos estaduais, me nego a comentar.

A situação na política municipal prossegue estranha com o Kassabismo de afirmando; de piloto automático de um Serrismo voraz e ambicioso, Kassab pouco a pouco vai deixando sua marca de administrador; como já disse aqui, ele mistura elementos tucanos pós-covistas com uns tiques malufistas - devido a sua formação política, por certo - mais um ponto que eu me olvidei de maneira imperdoável da
última vez: O Quercismo está ali também - na figura da sua vice, Alda Marco Antônio. Some isso às relações incestuosas entre prefeitura e especulação imobiliária às portas de uma Copa do Mundo no Brasil e os favelados e moradores de rua mal podem se preparar para ser varridos - desta vez, só Deus (ou o Diabo) sabe pra onde.

No âmbito estadual, o Governo Serra segue no piloto automático com o governador enquanto garoto-propaganda de medidas publicitárias, enquanto seus secretários tocam o barco na medida em que não é fácil fazer as articulações necessárias pra ser candidato à Presidência da República, não é mesmo?


Frente a isso, o fragmentado PT pouco se faz notar na política municipal e estadual e se há vinte anos atrás era possível ver uma Luiza Erundina como prefeita de São Paulo, hoje, o candidato mais à esquerda possível que se desenha para o governo do Estado é um inesperado - e inexplicável - Ciro Gomes - várias vezes melhor do que qualquer demo-tucano do momento, mas longe de ser o nome para tirar São Paulo da paralisia mental e moral em o estado se encontra desde que Quércia chutou o balde. Creio que é hora da esquerda do estado acordar.

Pelo Brasil, segue o mais recente - e nauseante - factóide; agora a mídia corporativa descobriu que Sarney é mal e tirou ele pra Cristo; Tudo não passa de um joguinho sujo que envolve uma mídia emporcalhada e um governo que faz cálculos de poder infantis - próprios de quem passou a vida inteira dizendo soyons réalistes, demandons l'impossible e agora faz o movimento pendular tentando simular a prática de uma realpolitik e de um maquiavelismo que lhe é intrisecamente estranho.

A Conferência Nacional de Comunicação (
CONFECOM) que se desenrola é uma possibilidade de, pelo menos, cutucar o Oligopólio, algo impossível de se imaginar há alguns anos.

Isso acontece num momento em que o
desemprego arrefece diante da recuperação da economia. Um pouquinho mais de criatividade e estaríamos até melhor nessa foto, ainda assim frente a uma oposição tucana que teria nos mexicanizado, creio que estamos bem - pelo menos, por ora, ou até quando a República aguentar o tranco dentro dentro desse sistema que funciona com um Legislativo soterrado por medidas provisórias e agora súmulas vinculantes (ou, sabe-se lá, até onde essa capitalismo global nos levar social e ambientalmente).

Lá fora, o sistema dólar prossegue numa crise que eu julgo crônica; para além da metafísica da análise dos cabeças de planilha, há bolhas demais sendo criadas por minuto e creio que a viga mestra e universal de tudo, a exploração intensiva do trabalhador chinês pelo Partido Comunista local, chegou ao seu limite, afinal, o dia não tem vinte cinco horas - assim como a sobrevivência da China depende, nesse momento, de um mudança de rumo nesse externalismo socialmente estéril e que ele se utilize do profundo acúmulo de capital das últimas três décadas para gerar algum bem-estar social e ambiental. Estariam prontos os líderes chineses para cederem os anéis para não perderem os dedos e desmontarem aos poucos a aristocracia que seu país é? Na História, nunca estiveram nem o fizeram, dessa vez dou o benefício da dúvida porque eles seguem uma tradição supostamente ilustrada.

Em Honduras, prossegue esse jogo cínico, onde o Governo Obama bate cabeça nos seus corredores escuros e precedentes perigosos se abrem para a felicidade de grupos ancrônicos ciosos pelo medievo. Pelo resto do mundo, o fantasma do Nazismo volta a ser medida possível - em toda a ambiguidade que isso possa vir a conter -, seja no Velho - e carcomido - Mundo ou nos dizeres de políticos nacionais que sequer têm origem na direita.

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