domingo, 20 de junho de 2010

Notas da Copa: Brasil 3x1 Costa do Marfim


(Batalha campal, imagem retirada daqui)

Agora há pouco, a Seleção Brasileira derrotou por 3x1 a Costa do Marfim. Foi o melhor jogo de uma grande seleção mundial nesta Copa. Um belíssima resposta de Dunga para uma imprensa esportiva que pouco - ou nada - entende de futebol e fica batendo em treinadores que não satisfazem sua communis opinio degenerada e idiota - e se possuem algum mérito, é o de provocar efeitos manada usando-se na mentes ingênuas que acompanham futebol de 4 em 4 anos. Foi também a pior arbitragem de uma Copa de boas arbitragens - e a mais flagrante postura antidesportiva de uma seleção nessa Copa, como comprova a postura dos marfinenses que bateram a rodo e tiraram Elano do jogo, oxalá, não da Copa. Mais do que isso, a Seleção Brasileira, se classificou antecipadamente para a segunda fase da Copa do Mundo - repetindo a Holanda e confirmando um ciclo quadrienal virtuoso, iniciado com uma vitória por 3x0 sobre a Argentina, e que esteve abaixo, em aproveitamento, apenas da seleça no ciclo 58/62, treinada por Feola, e da média de Zagallo.

O Brasil entrou em campo no 4/2-3/1, o 4/3/3 falso, com Julio Cesar onde Maicon era lateral-direito, Lúcio (pela direita) e Juan (pela esquerda) faziam o miolo de zaga e Michel Bastos era lateral-direito; Gilberto Silva e Felipe Melo eram os volantes, o trio de criadores foi Elano (ponta pela direita), Kaká (armador central) e Robinho (ponta-esquerda) e, na frente, Luís Fabiano era o centro-avante. Em suma, o mesmo que o jogo passado. A Costa do Marfim, fez o mesmo, como os esquemas se anulam, eram quatro zagueiros marcando três atacantes de lado a lado e três meias se batendo. Drogba jogou. Sven-Göran Eriksson armou o time para empatar e tirar o Brasil na base do saldo contra a Coreia do Norte - e provou pela centésima nonagésima vez que não sabe fazer outra coisa senão falar javanês.

O jogo começa tenso, com os marfinenses recuados em seu campo defesa com Kalou e Dindane fazendo marcação sob pressão nos laterais e dando bem o bote. Drogba ficava entre os dois zagueiros. O jogadores de meio marfinenses corriam bastante, Kaká sentia a parte física e não corria, Gliberto Silva e Felipe Melo não saiam para o jogo. Maicon era quem, apesar dos pesares, tentava sair com a bola e Robinho mostrava a maior fome de jogo, enquanto Elano pouco aparecia e Luís Fabiano estava desabastecido no comando de ataque. Era um jogo de xadrez com nervosos saltados, mas Kaká foi entrando no jogo e junto com ele veio Elano. Numa jogada individual do nosso dez, Luís Fabiano entrou na área e fez um baita gol, recebeu na direita e chutou sem ângulo. Costa do Marfim ainda reequilibrou no fim do Primeiro Tempo que terminou equilibrado, execeto pela posse de bola, ligeiramente maior por parte do time brasileiro.

Veio o Segundo Tempo. O Brasil começa bem. Logo no comecinho, a bola sobra para Luís Fabiano que dá um chapéu, dá outro e conclui de primeira. Golaço. Brasil 2x0. O time fica eufórico e a defesa dá sua primeira navalhada: Drogba, livre, cabeceia para fora - dentro fosse e o deslocado Júlio César teria levado. O Brasil segue melhor e Kaká vai à linha de fundo cruzar para Elano, vindo de trás, só empurrar e fechar a fatura, Brasil 3x0 - lance trágico de dois jogadores que encontrariam sua sorte (ou falta dela) logo mais. Num contra-ataque marfinense, dois minutos depois do gol, Elano antecipa, é inocente ao entrar de carrinho de frente, Tioté entra por cima o tira de campo. O árbitro nada faz e Costa do Marfim começa a bater - e muito. Daniel Alves substitui Elano pela ponta-direita e a pancadaria come solta Kaká é provocado, toma cartão. Um contra-ataque que deveria ter sido morto logo no meio resulta no gol de Drogba frente uma zaga brasileira distraída e mal posicionada. As provocações continuam e Dunga erra em não tirar Kaká. Aos 44, um jogador marfinense simula ter sido agredido por Kaká e provoca a expulsão do jogador. O jogo termina, Brasil nas oitavas.

Valeu Dunga. Torçamos por Elano.

Atuação do Brasil

1. Júlio César: Sem culpa no gol, mostrou elasticidade e boa colocação - só errou em um lance que Drogba errou. 7,0
2. Maicon: Marcou em cima, apoiou menos do que no primeiro jogo. 6.5
3. Lúcio: Foi bem, mas deu espaços no segundo tempo. 6,0
4. Juan: O mesmo que Lúcio. 6,0
6. Michel Bastos: Apesar do erro ter sido coletivo, foi o maior culpado pelo gol e novamente foi mal. 3,5
8. Gilberto Silva: Bem na marcação, mas parece fora de ritmo. 5,5
5. Felipe Melo: Muito mal no começo, depois se recuperou e engrossou o caldo na marcação. 5,5
7. Elano: Entrou nervoso, depois se recuperou, coordenou as jogadas pelo meio, fez seu gol e foi vítima de uma entrada criminosa. 7,0
(13. Daniel Alves): Entrou numa verdadeira fogueira e se complicou em lances simples. 4,5
10. Kaká: Quando entra no jogo, mostra que é o principal jogador brasileiro. Foi vítima da arbitragem. 8,0
11. Robinho: Mostrou vontade, moveu-se bem, mas faltou um pouquinho de calma. 6,5
(18. Ramires): Deveria ter entrado bem antes no lugar de Kaká, não teve tempo. sem nota.
9. Luís Fabiano: Dois golaços. É um baita centro-avante. 9,0
Nota Média: 6,25

Dunga: Armou magnificamente bem para um dos jogos mais complicados da Copa, seja no que toca a disposição tática ou a de espírito. Errou no segundo tempo ao não ter tirado Kaká para poupa-lo das pancadas e da arbitragem esquizofrênica, mas fora isso foi muito bem. Não entendo porque leva tanta pedrada 7,5

Outras

A Itália é um time que em dez anos foi vice da Euro - em 2000, por covardia na final - e campeã mundial - num campeonato incrivelmente fraco, onde Parreira fez as escolhas erradas (veja só, as da imprensa esportiva!) e afundou o único time capaz de fazer algo naquele mundial. Fora isso, o time é bisonho, não exatamente pela qualidade, mas pelo anti-futebol que pratica. Não há como não torcer contra. Hoje empatou com a Nova Zelândia. Já o Paraguai venceu a Eslováquia e está a um empate da classificação para as oitavas. Uma maravilha para quem fica exaltando o futebol europeu e fazendo piada da América do Sul.

6 comentários:

  1. Os do Cone Sul estão todos liderando seus respectivos grupos.

    E a carregada com a mão do Luis Fabiano?

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  2. André,

    Estamos bem, obrigado. Brasil passou, Argentina praticamente, Uruguai e Paraguai estão por um empate - perfeitamente alcançável em ambos os casos. Surpreendem-me os uruguaios, honestamente, não esperava que fizessem tanto depois de uma eliminatória medíocre como aquela. Situação complicada mesmo, é a do Chile, terá duas decisões pela frente, mas, por ora, fez o seu papel. Sobre o lance de Luís Fabiano, para mim, normal. Teria validado o gol. A arbitragem não interferiu no placar diretamente, o problema foi a parte disciplinar.

    um abraço

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  3. Lamentável, Hugo.

    Você, que tanto fala em 'distanciamento crítico', não o exerce no futebol.

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  4. Luis,

    Falo e repito, mas isso não quer dizer que eu tenha de chegar a mesma interpretação dos outros. Honestamente, teria dado o gol para Luís Fabiano. Sobre a minha apologia um tanto enfática de Dunga, creio que as críticas vazias que fazem contra o cara já chegaram no limite, analisemos seu trabalho, só isso.

    um abraço

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  5. Mas o Dunga pouco tem a ver com isso, Hugo. Até o mundo mineral sabe que quem manda na seleção são os patrocinadores.

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  6. Luis,

    Mais ou menos. Existe todo o jogo de influência de grupos de interesse específicos em relação à Seleção. Aconteceria se a CBF fosse um lugar decente e vira um grande obstáculo já que ela é o que é, no entanto, existem treinadores que trabalham melhor com isso do que outros. Quando falo de grupos de interesse me refiro especialmente aos patrocinadores e aos lobbies de empresários e clubes europeus em prol de seus atletas. No meio desse inferno, Dunga trabalha muito bem, conseguindo contornar o inevitável, convocar uma equipe mais ou menos coerente e instituir uma metodologia de trabalho funcional. Outros não conseguiram, como é o caso emblemático de Luxemburgo. É aí que eu admiro Dunga. A imprensa esportiva, que não deixa de ser um grupo de interesse - que, no entanto, atua mais por fora do que por dentro -, não raro se orienta por achismos dos seus profetas - às vezes interesses pessoais, mas normalmente achismos mesmo - e isso leva a festejarem nomes e determinadas situações que não deveriam sê-lo assim como fazem o exato oposto, linchando os seus desafetos. Não é um discurso racional, exceto por sua natureza formal, pois, muito embora ausente de significado, ele é moldado para criar efeitos manada contra ou a favor algo ou alguém. Isso me irrita porque não é somente acrítico como é anticrítico também. O negócio piora quando Dunga não faz concessões a essa imprenssinha, se irrita num determinado momento, e vira o inimigo número 1 da mídia. É o mesmo cinismo visto quando Parreira, iludido que iria ganhar uma Copa com o time da imprensa esportiva, se perdeu em plena Copa e começou a ser bombardeado pelos profetas que mudam as previsões conforme mudam os fatos.

    um abraço

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