segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Dia da República e o Brasil no Mundo

Hoje, no dia da Proclamação da República, enquanto nos vemos com as incertezas, dúvidas e balões de ensaio midiáticos sobre a futura composição dos ministérios do Governo Dilma, mais uma Cúpula do G-20 terminou frustrada e mal explicada - justamente aquela que marcou a última atuação do Presidente Lula em um grande fórum internacional e contou com a presença da Presidenta eleita Dilma Rousseff, já tendo em vista os acertos finais da amigável troca de bastão e dos ajustes finais do terceira etapa do projeto petista. É muito provável que da viagem, cujos frutos já eram previsíveis, tenham sido trazidas decisões acerca dos rumos da política externa, da política econômica e, quem sabe, definições importantes sobre os ministérios. 


O impasse que antecedia e motivava a Cúpula de Seul, a guerra cambial, se manteve, Alguma declaração em defesa da adoção do câmbio flutuante de forma generalizada foi feita assim como foi permitida a adoção de mecanismos de controle de capitais para os países prejudicados pela guerra cambial - em tese, uma vitória para o Brasil, mas nada que nós já pudéssemos fazer e talvez agora façamos de forma legitimada. Os americanos levaram a cabo a política de emissão de dólares que caminha para se tornar o maior (dentre tantos) erros do Governo Obama, os chineses estão pouco preocupados com isso e vão se defender a despeito de qualquer um. A posição dos chineses é clara, se quiseram se sentar e discutir uma moeda supranacional e uma nova arquitetura financeira global - como já propuseram os russos recentemente -, ótimo, senão, vai ser isso mesmo, Dólar e Yuan permanecerão parcialmente "amarrados" e os chineses vão lucrar com a desvalorização da moeda americana, valorizando sua moeda apenas se surgirem eventuais (e possíveis) pressões inflacionárias.


É fato elementar entre fatos elementares que um economia global demanda uma reserva monetária global, uma régua geral paras as trocas internacionais ao invés do uso de uma moeda nacional, seja ela qual for, mas os EUA estão pouco interessados nisso: Na visão míope dos estrategistas de Obama, aceitar qualquer proposta nesse sentido seria um sinal de fraqueza intolerável para sua opinião pública e, além do mais, ter o dólar como moeda global é um meio de dar mais "espaço de manobra" para os EUA exercerem sua política fiscal - mas lhes passa desapercebido que a cada dia que passa, a economia americana é relativamente menor ao Mundo e que mais medidas irresponsáveis tendem apenas a enfraquecer mais e mais o Dólar, caminhando para um cenário desolador nos próximos anos, no qual, o sistema global, por meio de um choque muito maior do que esse, elaborará uma saída para o padrão-dólar. Em suma, Obama, que tinha tudo nas mãos para ser o protagonista da construção de uma nova ordem global, tropeça na sua própria mesquinhez e falta de visão política, sendo pautado por adversários que querem esmaga-lo ao mesmo momento em que despreza potenciais aliados.


Para os grandes da Europa a situação não é menos grave. Países como Alemanha ou França sempre se beneficiaram do Euro internamente, mas com a desvalorização do Dólar - e consequente sobrevalorização do Euro -, a pressão internacional sobre a Zona do Euro está se tornando insuportável, assim como a situação dos sócios menores do bloco, - notadamente Portugal, Grécia, Irlanda e, em certa medida, Espanha - se torna insuportável para eles, podendo provocar uma contaminação sistêmica em todo bloco, posto que os déficits comerciais crônicos que o Euro lhes legou diante de seus "parceiros" europeus mais competitivos agora se maximiza com uma moeda hipervalorizada em relação ao Mundo. O atual governo de Portugal está num beco sem-saída e já cogita abandonar o Euro; muito embora se trate de um pequena economia, hoje, qualquer pequena pedra que se retire do monte seria o suficiente para provocar um evento em cadeia que desabe, de vez, o sistema europeu.


Da nossa parte, o Governo em transição protocolar não pode nem deve abrir mão de  imprimir uma política cambial dura, sob pena de ocorrer um desastre. O cenário atual é absolutamente artificial: Nos próximos anos, entrará uma quantidade considerável de divisas no país em virtude do Pré-Sal, da Copa do Mundo, das Olimpíadas, o que, somado à emissão de dólares por parte do governo americano, provocarão uma valorização ainda maior do Real. Dessa forma, é necessário administrar o mecanismo de juros com rédea curta - embora seu valor atual não seja tão discrepante em relação ao aquecimento da economia como já foi um dia - e taxar com dureza o que entrar. A situação global é grave e não há outra coisa a fazer senão manter uma política externa de fortalecimento do sistema multilateral, embora, é preciso anotar que o Brasil é um dos países com mais potencial para emergir fortalecido da atual situação. Por outro lado, dosar corretamente os ministérios, refrear as pressões de aliados e lobbies dentro do próprio governo é fundamental.

4 comentários:

  1. Hugo passei para conhecer seu blog ele é not°10, show, espetacular, muito maneiro com excelente conteúdo você fez um ótimo trabalho desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
    Um grande abraço e tudo de bom

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  2. "Proclamação da república" = Golpe Militar de 1889.

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  3. Sim, Lucas, foi o nosso primeiro golpe militar - seguido da nossa primeira ditadura militar, o período Deodoro-Floriano, chamado carinhosamente de República da Espada. A maneira como a Monarquia é derrubada no Brasil foi pior impossível: Foram os mesmos setores que impediram, décadas antes, qualquer movimento republicano para evitar qualquer risco aos seus interesses. Livres dos riscos de secessionismo, de ameaça territorial e sem depender mais dos Bragança para afiançar seus negócios na Europa, os mesmos oligarcas que inventaram a nossa monarquia tropical a derrubaram.

    abraço

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